O cuidado farmacêutico é um modelo de prática destinado à otimização da farmacoterapia e à promoção da saúde. Seu exercício se dá por meio de serviços clínicos que se aplicam nos diferentes níveis da atenção primária à saúde. No artigo anterior, onde abordei a prescrição farmacêutica, eu apresentei os nove serviços farmacêuticos propostos pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF).
O acompanhamento farmacoterapêutico (AF) é um destes serviços. Este serviço se realiza pela monitorização da farmacoterapia do paciente. Seus objetivos principais são identificar e resolver possíveis problemas relacionados ao uso dos medicamentos. Para isto, são realizadas consultas periódicas pelas quais o profissional deve cumprir algumas etapas com o paciente:
1. Colher dados pessoais para compor o prontuário de cuidado;
2. Levantar o histórico de saúde;
3. Elaborar o histórico farmacoterapêutico;
4. Identificar e registrar as necessidades do paciente;
5. Estabelecer metas terapêuticas;
6. Elaborar e apresentar um plano de cuidado;
7. Revisar a farmacoterapia;
8. Acompanhar o curso do tratamento.
O AF é um serviço farmacêutico indicado para pacientes crônicos e geriátricos, que fazem uso de muitos medicamentos. Este serviço permite a identificação e o manejo de reações adversas e de interações medicamentosas, por exemplo. A resolução destes problemas em tempo hábil facilita a adesão ao tratamento e otimiza os resultados da farmacoterapia.
A prática do AF exige privacidade e individualidade para dedicação da atenção necessária ao cuidado do paciente. Este serviço deve ser realizado em ambiente apropriado, como uma sala de serviços farmacêuticos ou um consultório farmacêutico. Independente da denominação, este ambiente deve ser uma sala devidamente estruturada e equipada para a realização das consultas que caracterizam o AF.
A implantação de um programa ou método de AF é fundamental para o sucesso do serviço. Existem diferentes propostas de AF já publicadas, entre elas o “Programa Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico”. Cada profissional deve pesquisar o método que melhor se aplica à sua realidade de trabalho. Ainda assim, serão necessárias adaptações e contextualizações, tendo em vista que a maioria dos programas existente foi criada em países desenvolvidos, com realidades de saúde muito diferentes da realidade brasileira.
O AF é uma grande oportunidade para se estabelecer relações concretas de cuidado com o paciente. Isto agrega muito valor e reconhecimento ao exercício profissional. Também favorece o fluxo de pessoas no estabelecimento, intensificando as oportunidades de negócios direcionados ao cuidado. Para isto, é fundamental que o farmacêutico tenha habilidades e competências clínicas. Sem estas, a prática do AF pode se tornar uma verdadeira desventura.
Prof. Me. Lincoln M. L. Cardoso | Farmacêutico | CRF-SP 21.337